Autor: Alexandre Ragozzino Costa Fontes Perfil: Alexandre Ragozzino
Será que a correlação entre o Índice Bovespa e o Dólar Futuro é sempre negativa? Esses dois ativos possuem sim, na maioria do tempo, uma correlação negativa. Ou seja, eles se movem em direções opostas na maior parte do tempo. Mas essa correção nunca é perfeitamente negativa: quando o índice sobe o dólar cai, exatamente na mesma proporção, e vice-versa.
E essa correção nem sempre é negativa. Ela pode sim ser positiva: quando o índice sobe o dólar também sobe, e vice-versa. E vale ressaltar que quando isso ocorre, essa correção nunca é perfeitamente positiva: quando o índice sobe o dólar sobe, exatamente na mesma proporção.
A correção negativa entre esses dois ativos ocorre por uma série de fatores. Vamos descrever dois para um rápido entendimento:
*) Aumento na expectativa de crescimento da economia do país: para os investidores, isso indica um aumento no consumo, o que fará com que as empresas vendam mais, e assim aumentem o seu lucro, potencializando a valorização do preço das suas ações. Essa expectativa aumenta a demanda ou compra por ações brasileiras, não apenas por parte dos investidores nacionais, mas também dos estrangeiros. E para um investidor estrangeiro poder comprar ações brasileiras, ele precisa ter Reais. Assim ele vende seus US Dólares ou Euros, e compra Reais para poder comprar as ações. E esse aumento da demanda por Reais valoriza ele, fazendo com que a sua cotação caia. Ou seja: aumento na expectativa de crescimento ou melhora da economia = valorização das ações (índice Bovespa sobe) = valorização do Real (cotação cai).
*) Aumento da Taxa de Juros dos EUA: com uma taxa de juros maior, os investidores receberão uma maior rentabilidade para os seus investimentos em renda fixa, considerados de menor risco. E os títulos do tesouro americano são considerados de baixíssimo risco. Por isso, um aumento na taxa de juros dos EUA aumenta a procura ou demanda por esses títulos de renda fixa (títulos do tesouro americano), por eles oferecerem uma maior rentabilidade, com baixo risco. Assim os investidores no Brasil vendem suas ações, que são de alto risco, e trocam ou convertem os Reais recebidos por essas vendas para Dólares Americanos, para aí sim com esse US Dólares comprarem os títulos americanos. Essa venda de ações derruba o índice Bovespa, e essa oferta de Reais desvaloriza ele, fazendo com que a sua cotação suba. Ou seja: aumento da taxa de juros nos EUA = desvalorização do índice Bovespa (ele cai) = desvalorização do Real (a sua cotação sobe).
A correlação positiva, com menor frequência, também ocorre por uma série de fatores, como por exemplo: podemos ter um movimento de baixa do índice Bovespa, causado por uma queda no preço do barril do petróleo (queda na PETR4) e uma pequena desaceleração da economia chinesa (queda na VALE5), e ao mesmo tempo uma valorização do Real, causada por algum evento político positivo (avanço em reforma administrativa, tributária etc.). Ou seja: índice Bovespa cai, e Real também.
Resumindo: claro que é importante acompanhar esses dois ativos, para ver qual a correlação do dia entre eles, mas nunca se posicionar única e exclusivamente com base nela. Em outras palavras: não comprar o Dólar Futuro só porque o Índice Bovespa Futuro está caindo, ou vice-versa.