Autor: Alexandre Ragozzino Costa Fontes Perfil: Alexandre Ragozzino
Recentemente vi alguns vídeos de alguns “pseudo-traders” comentando sobre o fato de eles não posicionarem uma Ordem Stop para as suas operações de Day Trade na BM&F, especificamente para os minicontratos de Dólar e Índice Futuros. E o que é ainda pior: recomendando, com base na “experiência”, ou na completa falta de experiência deles, que você também não deveria colocar.
O que esses aprendizes de influenciadores digitais dizem nesses vídeos, é que eles não posicionam a Ordem Stop, mas que eles as têm na cabeça. Ou seja, assim que o preço alcança o nível de Stop deles, eles estopam a operação manualmente. Isso é popularmente chamado por esses sonhadores de: Stop no Dedo. Na literatura internacional, você encontra referências sobre essa prática nefasta como: Mental Stop (Stop Mental).
Tamanha é a gravidade e o absurdo de se fazer isso, e pior, de orientar, de maneira irresponsável, os iniciantes a fazerem o mesmo, que eu decidi escrever esse artigo, listando alguns dos motivos pelos quais você NUNCA de fazer isso. Repito: VOCÊ NUNCA DEVE FAZER ISSO! Mas antes, destaco que usarei exemplos e situações especificamente para os minicontratos da BM&F – Dólar e Índice FuturoS. Vamos lá:
1º) VOCÊ NÃO VAI ESTOPAR NO PREÇO DESEJADO. Seja honesto, você acha realmente que vai estopar “no dedo” de maneira rápida, assim que os preços alcançarem o seu nível de Stop Mental? Eu acredito que não. Por exemplo: você compra no 30, com Stop no 26, e Limite no 38. Assim que você executa a sua compra, os preços caem até 28, e sobem até 31( você está positivo em 1). Depois caem até 29, e sobem 32 (você está positivo em 2). Aí caem novamente até o 28, e sobem até o 31. Voltam a cair mais, até o 27, e sobem até o 31. E quando eles voltam a cair e alcançam o seu Stop em 26, você NÃO estopa “no dedo”, porque você pensa: “os preços estão balançando mesmo. Cai e sobe. Agora ele volta para o 30”. Então do 26, os preços retornam para o 30, e voltam a cair um pouco mais, até o 25. E quando isso acontece, você pensa: “ele está balançando, mas agora o meu trade não está bonito. Se voltar para o meu preço de entrada no 30, eu saio no zero a zero”. Aí ele volta para o 29, e cai mais, até o 24. Onde você vai estopar? Bem, acho que você já percebeu que o que eu narrei acima é extremamente comum, e o Stop original no 26 virou “Stop Esperança”.
2º) O PREÇO EXECUTADO DO SEU STOP MENTAL NUNCA VAI SER EXATO. VAI SER SEMPRE PIOR PARA VOCÊ. Você sabe que toda Ordem Stop é executada A Mercado. E para estopar a sua operação “no dedo”, você tem que ser rápido, e clicar na tecla “Zerar” da sua plataforma, imediatamente quando os preços alcançarem o seu Stop mental. Só que existe uma coisa chamada Spread que, não raro, gira em torno de 1 ponto para o Dólar Futuro. Assim, se você tivesse colocado a sua Ordem Stop no 26, quando os preços o alcançam, a sua Ordem Stop é executada A mercado no 26. Mas ao clicar no botão Zerar no preço de 26, a sua posição será fechada A Mercado, com um Spread de 1 ponto, no 25. Pronto! O seu Stop ficou 1 ponto pior. E outra coisa: toda ordem executada A Mercado é executada “Market At Best” ou: no melhor preço de mercado disponível. Vamos considerar o exemplo acima: os preços caem rápido, e alcançam o seu Stop no 26. Você, rápido no gatilho (rsrsr), clica no botão Zerar no 26, mas como os preços caíram rápido, a sua posição é zerada “corrida” como chamamos, no 25, menos 1 ponto de Spread, a sua posição então foi zerada no 24, e não no 26. Isso é extremamente comum. Pronto! O seu Stop ficou 2 pontos pior.
3º)STOP EM UMA REGIÃO DE PREÇOS. Se o seu “Stop mental” for entre 3 e 5 pontos, e você estopou com 5 pontos, o seu risco praticamente dobrou com relação a um Stop de 3 (sem falar do Spread etc.). Isso deixa claro um péssimo gerenciamento de risco.
4º) ALTA VOLATILIDADE CONTRA VOCÊ. Sabemos que é comum os preços entrarem em períodos de alta volatilidade e, no caso do Dólar Futuro, não é raro ele se mover 5, 7 ou até mais do que 10 pontos em um minuto (na vela M1). Se essa alta volatilidade ocorre contra você, onde você vai estopar? Por exemplo: você comprou no 30, e o seu “stop no dedo” está no 26. Quando os preços estão no 28, ocorre uma forte volatilidade contra você, derrubando os preços 10 pontos na M1, até o 18. Pronto! O seu Stop aumentou de 4 para 12 pontos!
E se você não estopar no 18, na esperança de que os preços irão voltar ao seu favor, isso é ainda pior.
5º) LEILÃO NÃO PROGRAMADO OU ATUAÇÃO DIRETA DO BANCO CENTRAL. Esse é um dos piores cenários: com a forte alta do Dólar, não é raro o Banco Central (BaCen) realizar leilões não programados, ou atuar de maneira direta no mercado, sem um horário pré-definido, e que tem alta probabilidade de derrubar muito, e muito rápido, a cotação dos minicontratos de Dólar Futuro. Imagina se você está comprado no 30, com o seu nefasto “Stop no dedo” no 26 e, de repente, o Bacen começa a atuar direto, e os preços caem 20, até 30 pontos em questão de minutos. Onde você vai estopar? A chance de o seu stop ser gigante nesse cenário é enorme. E novamente: se você não estopar depois disso, na esperança de que os preços irão voltar ao seu favor, é ainda pior!
6º) PERDA DE CONEXÃO COM A INTERNET / FALTA DE LUZ / COMPUTADOR TRAVOU. Independente se a sua corretora é DMA1, DMA2, DMA3 ou DMA4, como você não posicionou a sua Ordem Stop, e se você ficar sem luz, sem internet, ou o seu comutador travar? Como você vai zerar a sua posição? Você vai ter se conectar na sua corretora via celular (rezando para que tenha sinal da operadora. Afinal, você está sem internet), ou ligar para a área de suporte da corretora. São minutos preciosos, que podem sim fazer com que o seu “stop no dedo” fique muito pior.
Bem, esses foram os principais motivos que eu consegui pensar. Acredito que possa haver outros ainda, que eu nem imaginei.
Não faz nenhum sentido fazer isso: Stop no dedo ou Stop mental. Afinal, se você já tem o seu preço de Stop na cabeça, por que você não coloca a ordem? A resposta é simples: medo de perder! Não aceita o risco! Opere sempre com a sua Ordem Stop devidamente posicionada, como um profissional.
